Que horas são em São Paulo, Brasil ?

terça-feira, outubro 24, 2006

A soprano britânica Felicity Lott, que se apresenta hoje e quarta-feira na Sala São Paulo


"Intimidade" do piano acompanha Felicity Lott
Soprano britânica interpretará canções de Schumann e Strauss, entre outros, com o polonês Maciej Pikulski
Com 119 gravações editadas, a cantora fará o encerramento da temporada 2006 do Mozarteum Brasileiro
Trevor Leighton/Divulgação

João Batista Natali

A soprano britânica Felicity Lott, 59, encerra a temporada deste ano do Mozarteum Brasileiro. É um nome de imenso peso na história recente de um longo repertório que inclui Mozart e Bach, Händel e Britten, Schumann e Mahler. Com 119 gravações editadas, Dame Felicity estará acompanhada hoje e quarta-feira pelo pianista polonês Maciej Pikulski. Ela interpretará canções de Schumann, Strauss, Hahn, Messager e Coward. A seguir, em entrevista, Felicity Lott fala à Folha sobre Richard Strauss e a redescoberta de outros compositores.
FOLHA - Entre as dezenas de compositores que a sra. já interpretou, qual a comove particularmente?
FELICITY LOTT - Creio que é o caso de Richard Strauss. Eu interpretei as óperas dele bem mais que as de outro compositor, como "O Cavaleiro da Rosa", "Capricio" ou "Arabella". A música dele me seduz enormemente. Sua escrita para a voz de soprano é de uma sutileza e de uma perfeição singulares.
FOLHA - Há também os lieder que ele escreveu, dos quais a sra. interpretará também alguns por aqui.
LOTT - Com certeza. Em suas canções há essa mesma relação de maravilhamento.
FOLHA - A sra. prefere cantar Strauss com acompanhamento de orquestra ou de piano?
LOTT - Na atual fase de minha carreira, prefiro a intimidade que o acompanhamento de piano é capaz de proporcionar. Com o piano há uma intimidade ainda maior com o público.
FOLHA - Somente de alguns anos para cá a sra. se interessou pelas operetas de Jacques Offenbach. Foi porque ele deixou de ser considerado um compositor secundário?
LOTT - Creio que as pessoas estejam hoje mais interessadas na música que ele escreveu. Eu participei de montagens de "La Belle Helène" e de "Grande Duchesse de Gérolstein". São peças deliciosas de serem cantadas. A música é adorável, as partituras, muito inteligentemente construídas e de enredos que emocionam.
FOLHA - Há outros compositores menos prezados que precisam integrar o repertório mais "cult"?
LOTT - Com certeza, embora eu não possa prever quais eles serão. Eu tenho adoração por Poulenc, embora ele não seja considerado secundário.
FOLHA - A sra. fará em São Paulo uma canção do francês André Messager, que andava esquecido.
LOTT - Foi também um grande maestro. Regeu a estréia mundial de "Peléas et Melisande", de Debussy, em 1902. Era muito amigo de Debussy e também de Fauré, por mais que ambos tivessem uma forte rivalidade.
FOLHA - Um bom cantor precisa se interessar pelas outras artes?
LOTT - Absolutamente. Toda cultura que possa abrir nossos olhos e nossas mentes contribui para as nossas interpretações. Sou uma boa leitora, sobretudo de boas biografias ou literatura do século 19.
FELICITY LOTT
Quando: hoje e quarta-feira, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 3337-5414)
Quanto: de R$ 50 a R$ 160
Frase

Na atual fase de minha carreira, prefiro a intimidade que o acompanhamento de piano é capaz de proporcionar. Com o piano há uma intimidade maior com o público
FELICITY LOTT
soprano britânica

Fui ao concerto hoje e me maravilhei com a delicadeza e com as filigranas de interpretação, com a linha de canto, com a dicção perfeita, os pianíssimoa maravilhosos, a elegância , enfim, foi O concerto, fiquei "babando" do começo ao fim !

Nenhum comentário: