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quinta-feira, junho 21, 2007

Cantor Fernando Portari fala à VivaMúsica!









Notícia de 11/05/2007

Cantor Fernando Portari fala à VivaMúsica!
sobre sua performance em Berlim ao lado de Anna Netrebko

Como VIVAMÚSICA! anunciara, o tenor carioca Fernando Portari substituiu o mexicano Rolando Villazón em récita de “Manon” na última quarta-feira, dia 9. Na montagem da Berlin Staatsoper Unter den Linden, Portari cantou o principal papel masculino da ópera de Massenet, o Chevalier Des Grieux, ao lado do soprano russo Anna Netrebko.

Ainda sob o impacto da performance, Fernando Portari falou por telefone de Berlim com a jornalista Renata Izaal, da equipe de conteúdo de VIVAMÚSICA!. Confira trechos da conversa.

A Performance e o impacto da noite

Foi maravilhoso. Fui muito bem recebido e aplaudido de pé pelo público. Para mim foi uma noite mágica. Meus colegas de palco foram muito generosos, especialmente Anna Netrebko. Entramos de braços dados para os agradecimentos, mas ela se afastou para que o público me aplaudisse. Foi muito emocionante e fiquei muito tocado com a generosidade dela. Ainda estou em estado de choque e muito comovido por saber que num teatro tão importante e com artistas estelares há tanta generosidade. Foi muito emocionante e estou muito feliz!

O convite

Tudo surgiu quando meu agente (Portari é artista da agência italiana Atelier Musicale, de Bologna) me ligou e propôs uma coisa inusitada: substituir Rolando Villazón nos ensaios de “Manon” na Staatsoper de Berlin, mas sem previsão de cantar nenhuma récita. Não vacilei em aceitar porque seria uma oportunidade fantástica para mostrar meu trabalho em um dos maiores teatros do mundo, além de trabalhar com ninguém menos que Daniel Barenboim, Rolando Villazón, Anna Netrebko e a incrível orquestra StaatsKapelle.

Netrebko e Villazón

No Brasil não fazemos idéia de como são as coisas na Europa. Aqui na Alemanha esses artistas são como as estrelas da música pop nos Estados Unidos. Andando por Berlim há retratos da Netrebko e do Villazón espalhados pelas ruas. Ela é de uma generosidade absurda, incrível. No palco sempre me olhava como se dissesse “estou com você”. Fiz um ensaio com orquestra e ao final o Villazón gritou “Bravo Fernando!” Eles sabem quem são, o talento que têm, mas também reconhecem o outro virtuoso.
O trabalho com Daniel Barenboim

Ele não é apenas um músico. É muito preocupado com as coisas do mundo e trabalha em função da sociedade. É um homem muito culto, fala várias línguas e sempre tenta conversar com os artistas na língua materna de cada um. Como tem primos no Brasil arranhou um “portunhol” para se comunicar comigo. É uma grande personalidade em Berlim. A Staatsoper é um teatro de repertório, e como esse tipo de teatro, corre o risco de ficar enfadonho. Barenboim consegue deixar tudo fresco, descobrir novas coisas, e ter um teatro encantador.

Temporada Alemã

Estou em Berlim desde 25 de março. É completamente diferente de fazer ópera no Brasil. Aqui há uma engrenagem organizada e crítica. É claro que toda montagem envolve riscos, mas eles tentam minimizá-los. No Brasil, nossa cultura é baseada no evento. Aqui há planejamento e isso dá segurança ao artista para trabalhar. Um exemplo: vou fazer uma audição para um espetáculo regido por John Eliot Gardiner, em Paris, que está agendado para 2010!

"Manon", de Massenet

Estudei na Alemanha e quando voltei para o Brasil a primeira pessoa que conheci foi a Rosana (Rosana Lamosa, soprano, com quem Fernando Portari é casado há 10 anos). Já atuamos juntos em várias óperas, mas a primeira foi justamente “Manon” de Massenet. Cantei o mesmo Chevalier Des Grieux e a Rosana cantava a Manon.

A Carreira

Não é fácil chegar à Staatsoper. É claro que sei qual o meu valor, mas é preciso humildade para estudar, descobrir e melhorar. Tenho alguns convites: “Manon” em Palermo; “Werther” e “Elixir do Amor” em Catania, com turnê pelo Japão; “Lucia de Lamermoor” em Bologna, “Otello”, de Rossini, na Suíça e “I Lombardi” em Nápoles. No Brasil, em 2007, canto no “Rigoletto” que o maestro Cláudio Cruz prepara em Ribeirão Preto e com a Osesp na “Canção da Terra”, de Mahler, em setembro.

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