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sábado, novembro 24, 2007

Maurice Béjart

Sou uma das privilegiadas que pode assistir Maurice Béjart ao vivo, dançando maravilhosamente aqui em São Paulo no nosso Theatro Municipal nos idos da década de 80 ... não dá pra esquecer.
Pude assistir também à maravilhosa e famosíssima coreografia do "Bolero" de M. Ravel com o criador dela, Jorge Donn .... simplesmente magnífico !!!
Por isso tudo só posso ser mesmo muito privilegiada e sou agradecida !

Maurice Béjart fará agora as estrelas dançarem

GENEBRA (AFP) — O coreógrafo francês Maurice Béjart, que levou a dança a todas as categorias sociais, morreu na noite desta quarta-feira aos 80 anos em Lausanne, onde ele terminou sua bem-sucedida carreira.

"Sem dúvida, agora, ele deve estar começando a fazer as estrelas dançarem", reagiu o ex-bailarino Patrick Dupond.

"O Deus da dança morreu", lamentou, por sua vez, a célebre bailarina italiana Carla Fracci, de 71 anos.

Para seu 80° aniversário, Maurice Béjart tinha criado em Lausanne uma "vida do dançarino, contada por Zig e Puce", um retorno sobre suas principais criações em uma mistura agitada e maliciosa.

O cartaz do espetáculo era divido em quatro, com homens em diferentes idades da vida. Sobre as fotografias em preto e branco, trazia a inscrição "Amor-4-Vingt", uma maneira de suferir que ele teria sempre (quatro vezes) 20 anos.

Acostumado a dizer que não temia a morte porque "ela era uma certeza", o coreógrafo do Bolero de Maurice Ravel (1960) declarou uma vez à agência de notícias suíça: "Eu creio que a gente morre sempre a tempo (...) O tempo é contado de maneira diferente para cada um, mas nós morremos a tempo".

O artista, que tinha problemas de saúde há anos, foi hospitalizado na senana passada para ser submetido a um tratamento cardíaco e renal estrito que deveria durar várias semanas. No mês anterior, ele já havia estado no hospital para tratar de um problema de fadiga.

Apesar de sua saúde frágil, o criador de cerca de 140 coreografias seguiu, até a data de sua internação, com seus afazeres diários e suas atividades na companhia Béjart Ballet de Lausanne (BBL), que ele dirigia desde 1987.

Maurice Béjart chegou a deixar o hospital alguns duas antes de sua morte para assistir a uma apresentação de seu último espetáculo, o "Tour do Mundo em 80 minutos", cuja estréia mundial está programada para 20 de dezembro em Lausanne. Em seguida, o espetáculo deve ficar em Paris, antes de seguir sua turnê mundial.

A continuação da companhia e da escola BBL está garantida por contrato pelos próximos três anos, afirmaram autoridades de Lausanne.

O Béjart Ballet Lausanne era o último avatar de uma tropa nascida em Paris em 1954 antes de emigrar para Bruxelas e lá ficar durante 27 anos onde o conjunto tormou a forma do "Balé do século XX".

Com suas apresentações às vezes extravagantes, Maurice Béjart trouxe a adesão do público e sua familiarização, não sem prejuízos, tanto à dança contemporânea como à música concreta.

Nascido em 1° de janeiro de 1927 em Marselha, Maurice Berger (que mais tarde viria a adotar, em homenagem à Molière, o sobrenome da mulher de seu ídolo, Béjart) é filho do filósofo Gaston Berger.

Depois de se licenciar em filosofia - para este adepto de Nietzsche, o balé era um "Alegre Saber" -, ele abandonou seus estudos para se dedicar à dança, arte que conheceu aos 14 anos por um aconselhamento médico para "fortalecer seu corpo adoentado".

Depois de uma formação clássica em Londres e em Paris, ele assinou sua primeira coreografia em 1952 para o filme sueco "L'oiseau de feu" (O pássaro de fogo), em que ele é o primeiro intérprete.

Alertando que a dança era uma "arte separada das massas", Maurice Béjart inovou com "Symphonie pour un homme seul" (Sinfonia para um homem só, em livre tradução) sobre a música de vanguarda de Pierre Henry e Pierre Schaeffer. "Me diziam: 'você vai fazer as pessoas fugirem'", se lembrava Maurice Béjart.

O coreógrafo dizia não ter tido "vergonha de fazer muitos maus balés". "Sobre a quantidade, nós jogamos fora, ali tem muita coisa que não é boa e talvez umas cinco ou seis coisas que não são tão ruins", explicou ele.

o coreógrafo guardava um certo rancor para com a França, que ele deixou em 1960 para se estabelecer em Bruxelas. "Nunca recebi um centavo do governo francês", lamentava ele.

"Com a Ópera de Paris, foi um pouco de 'eu te amo, eu também não", lembrou a diretora de dança da Ópera Brigitte Lefèvre.

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