Pude assistir também à maravilhosa e famosíssima coreografia do "Bolero" de M. Ravel com o criador dela, Jorge Donn .... simplesmente magnífico !!!
Por isso tudo só posso ser mesmo muito privilegiada e sou agradecida !
Maurice Béjart fará agora as estrelas dançarem
GENEBRA (AFP) — O coreógrafo francês Maurice Béjart, que levou a dança a todas as categorias sociais, morreu na noite desta quarta-feira aos 80 anos em Lausanne, onde ele terminou sua bem-sucedida carreira.
"Sem dúvida, agora, ele deve estar começando a fazer as estrelas dançarem", reagiu o ex-bailarino Patrick Dupond.
"O Deus da dança morreu", lamentou, por sua vez, a célebre bailarina italiana Carla Fracci, de 71 anos.
Para seu 80° aniversário, Maurice Béjart tinha criado em Lausanne uma "vida do dançarino, contada por Zig e Puce", um retorno sobre suas principais criações em uma mistura agitada e maliciosa.
O cartaz do espetáculo era divido em quatro, com homens em diferentes idades da vida. Sobre as fotografias em preto e branco, trazia a inscrição "Amor-4-Vingt", uma maneira de suferir que ele teria sempre (quatro vezes) 20 anos.
Acostumado a dizer que não temia a morte porque "ela era uma certeza", o coreógrafo do Bolero de Maurice Ravel (1960) declarou uma vez à agência de notícias suíça: "Eu creio que a gente morre sempre a tempo (...) O tempo é contado de maneira diferente para cada um, mas nós morremos a tempo".
O artista, que tinha problemas de saúde há anos, foi hospitalizado na senana passada para ser submetido a um tratamento cardíaco e renal estrito que deveria durar várias semanas. No mês anterior, ele já havia estado no hospital para tratar de um problema de fadiga.
Apesar de sua saúde frágil, o criador de cerca de 140 coreografias seguiu, até a data de sua internação, com seus afazeres diários e suas atividades na companhia Béjart Ballet de Lausanne (BBL), que ele dirigia desde 1987.
Maurice Béjart chegou a deixar o hospital alguns duas antes de sua morte para assistir a uma apresentação de seu último espetáculo, o "Tour do Mundo em 80 minutos", cuja estréia mundial está programada para 20 de dezembro em Lausanne. Em seguida, o espetáculo deve ficar em Paris, antes de seguir sua turnê mundial.
A continuação da companhia e da escola BBL está garantida por contrato pelos próximos três anos, afirmaram autoridades de Lausanne.
O Béjart Ballet Lausanne era o último avatar de uma tropa nascida em Paris em 1954 antes de emigrar para Bruxelas e lá ficar durante 27 anos onde o conjunto tormou a forma do "Balé do século XX".
Com suas apresentações às vezes extravagantes, Maurice Béjart trouxe a adesão do público e sua familiarização, não sem prejuízos, tanto à dança contemporânea como à música concreta.
Nascido em 1° de janeiro de 1927 em Marselha, Maurice Berger (que mais tarde viria a adotar, em homenagem à Molière, o sobrenome da mulher de seu ídolo, Béjart) é filho do filósofo Gaston Berger.
Depois de se licenciar em filosofia - para este adepto de Nietzsche, o balé era um "Alegre Saber" -, ele abandonou seus estudos para se dedicar à dança, arte que conheceu aos 14 anos por um aconselhamento médico para "fortalecer seu corpo adoentado".
Depois de uma formação clássica em Londres e em Paris, ele assinou sua primeira coreografia em 1952 para o filme sueco "L'oiseau de feu" (O pássaro de fogo), em que ele é o primeiro intérprete.
Alertando que a dança era uma "arte separada das massas", Maurice Béjart inovou com "Symphonie pour un homme seul" (Sinfonia para um homem só, em livre tradução) sobre a música de vanguarda de Pierre Henry e Pierre Schaeffer. "Me diziam: 'você vai fazer as pessoas fugirem'", se lembrava Maurice Béjart.
O coreógrafo dizia não ter tido "vergonha de fazer muitos maus balés". "Sobre a quantidade, nós jogamos fora, ali tem muita coisa que não é boa e talvez umas cinco ou seis coisas que não são tão ruins", explicou ele.
o coreógrafo guardava um certo rancor para com a França, que ele deixou em 1960 para se estabelecer em Bruxelas. "Nunca recebi um centavo do governo francês", lamentava ele.
"Com a Ópera de Paris, foi um pouco de 'eu te amo, eu também não", lembrou a diretora de dança da Ópera Brigitte Lefèvre.
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