Que horas são em São Paulo, Brasil ?

terça-feira, maio 13, 2008

Soprano paraense grava álbum com Boulez


Adriane Queiroz faz solo em CD duplo da Deutsche Grammophon com oitava sinfonia da Mahler regida pelo famoso maestro francês
Elza Lima/Divulgação


Adriane Queiroz como Ceci, na ópera "Il Guarany', em Belém

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma soprano brasileira gravou para o principal selo clássico do planeta, sob a batuta de um dos regentes mais aclamados da atualidade. No papel da Mater Gloriosa, a paraense Adriane Queiroz é uma das solistas do CD duplo que a Deutsche Grammophon lançou neste ano no mercado internacional, com a oitava sinfonia de Mahler, regida por Pierre Boulez.
"Esse encontro com o maestro enriqueceu meus horizontes, pois seu entendimento da obra é tão espetacular ao ponto de que ele deixasse aos intérpretes lacunas de expressão sem ferir o estilo do compositor", afirma ela, de Berlim.
"Uma frase muito utilizada por ele: com bons músicos e um compositor como Mahler, só necessitamos executar o que está escrito", conta. "E assim foi o processo: sem estresse desnecessário, com confiança no grupo e a certeza de que qualquer passagem mais complicada poderia ser repetida sem a menor cerimônia."
No disco (disponível no site www.amazon.com; R$ 30, em média, mais taxas), Boulez rege a Staatskapelle, orquestra da Staatsoper de Berlim -que toca em São Paulo no final do mês, regida por seu diretor musical, Daniel Barenboim. Queiroz é membro do elenco estável da casa desde 2002.

Estabilidade
Se, no Brasil, os teatros contratam os cantores como "free-lancers", para cada produção, no mundo germânico (em que pode haver um título diferente a cada dia, com espetáculos durante a semana inteira), a situação é diferente. Sempre podem vir solistas convidados, mas cada casa possui um elenco fixo.
"Temos um grupo fixo de 26 cantores solistas (16 homens e 10 mulheres), uma orquestra fixa, um coro de 42 vozes femininas e 40 masculinas, um corpo fixo de balé, além de mais de 300 trabalhadores na técnica", enumera a soprano.
"A rotina de trabalho consiste em ensaios com a equipe de pianistas da casa, treinamento de idiomas, ensaios cênicos e provas com a orquestra", diz. "Muitas vezes são tantos espetáculos ao mesmo tempo que temos de entrar em cena várias vezes por semana em óperas de estilos distintos, o que exige resistência vocal e física."
Na Staatsoper (a principal das três casas de ópera de Berlim), Queiroz canta, em junho, o papel de Marzelline, na ópera "Fidelio", de Beethoven, e, na próxima temporada, interpreta Liù, em "Turandot", de Puccini, e Micaëla, na "Carmen", de Bizet, entre outros trabalhos.
Antes disso, no segundo semestre, volta para Belém e participará do 2º Festival Internacional de Ópera da Amazônia. Ela será Mimì, protagonista de "La Bohème", de Puccini. No ano passado, Queiroz teve uma atuação arrebatadora como Ceci em uma montagem de "Il Guarany", de Carlos Gomes, exibindo desenvoltura cênica e o mesmo timbre escuro de soprano lírico que brilha na bela, sóbria e transparente leitura de Boulez da oitava de Mahler (uma versão musicada do fim da segunda parte do "Fausto", de Goethe).

Nenhum comentário: