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sábado, setembro 08, 2007

A mais linda ária cantada por Pavarotti

Uma justa homenagem nesta "Che Gelida Manina", a mais bela interpretação de Pavarotti. Praticamente inigualável.
Apesar de ser sempre lembrado por "Nessun Dorma", que interpretou magistralmente, "Che Gelida Manina" foi indiscutivelmente a sua mais impressionante e magnífica interpretação, com sutilezas , legatos, mezza di voce, que é praticamente impossível encontrar uma que se assemelhe à sua; isso sem se esquecer do estupendo Dó5 (Do di petto), sempre tão aguardado por todos e temido por todos os tenores.
Sem dúvida, Che Gelida Manina é uma ária bem mais complexa em todos os sentidos ( em comparacão com Nessun Dorma) e porisso mesmo considero a sua suprema interpretação.
Todas as vezes que tenho esta ária em mente, é com a voz de Pavarotti que ela se me apresenta.
Aqui, um registro antológico desta fabulosa música de Puccini.
La Scala, 1979, com Ileana Cotrubas.
Deleite-se



Um comentário:

Anônimo disse...

O QUE MORREU COM PAVAROTTI

PAVAROTTI – A MORTE DO ESPETÁCULO

Aprendi a gostar de ópera com as árias consagradas de algumas elas.Minha avó, no velho gramofone, ouvia ária de Marta, cantada por Caruso, cujo timbre se assemelhava a de um novo instrumento musical, feito de cordas e emoção. Meus pais gostavam de Tito Schippa, na Traviata. Lili Pons, uma soprano da moda,tinha um agudo táo incrível que os pássaros se envergonhavam de serem tão tímidos. Gigli, Di Stephano, Tebaldi... tons na minha memória infantil. Dei-me conta que Ópera era uma cultura mais ampla, de juventude, quando fui a uma matinée em Viena, e o teatro repleto só tinha jovens, entusiasmados como se estivessem num show de rock. Aperfeiçoei-me num curso com o budista Gustavo, que nos ensinou a estrutura, as diferenças entre óperas e intérpretes, entre Verdi, Puccini, Wagner e Mozart. Mergulhou-nos no Turandot até o último agudo, que levou segundos, de Pavarotti. Mas da minha cabeça nunca saiu, nunca sairá, um dos mais elevados momentos da arte no ocidente, Maria Callas, cantando a ária “Casta Diva” , da Norma. Por ironia, quando estive na China, no hall de um grande hotel, com móveis em estilo napoleônico, ouvi esse canto sublime vindo não sei de onde. Um piano de cauda, sem pianista, acompanhava Callas, invisível, nessa ária da Norma. Nesse simples acorde a China me desconsertou.
Pavarotti tinha a voz de Pavarotti, inconfundível, profunda, longa, com dós intermináveis e uma capacidade ímpar de produzir ovações. Fui, numa noite paulistana de garôa, ver seu espetáculo no Pacaembú. Pareceu-me displicente, como se aquela Itália do Bexiga, não o entusiasmasse tanto quanto a multidão do Central Park. Tinha ainda uma das mais belas vozes do século, mas já estava contaminado pelo mercado, não pela profecia.
Depois, ví e ouvi, num DVD, os Três Tenores, três genios da ópera: Plácido Domingo, Luciano Pavarotti e José Carreras. Todos fizemos nosso plebiscito. Votei em Carreras, hoje o maior tenor vivo do mundo.
Pavarotti morreu óntem e foi enterrado como uma estrela. Mas as estrelas não deixam herdeiros. Deixam ilusões.

enviada por Jorge da Cunha Lima